sexta-feira, 10 de agosto de 2012

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Em Cartaz

Portal Lia Line 06 - Agora, aguenta coração!

Acabo de levar à exaustão meus canais lacrimais pela enésima vez assistindo a uma comédia romântica e me pergunto mais uma vez: por quê?
Que componente maligno desses filmes entupidos de clichês e cafonices tem esse poder sobre mim, meu povo?Sério. As coisas não acontecem assim na vida e minha sofrida experiência no planeta dos relacionamentos diz que ta ficando difícil acreditar num ‘felizes para sempre’.Eu nem sou muito mocinha. Sou torcedora de futebol, tenho cadeira no estádio, entendo regra de impedimento e escalação de time, odeio discutir relação e morro de preconceito de apelidos românticos.Ta, mentira. Tirando o que foi citado acima, eu sou bem mocinha.
Meu coração mole e bobo é o maior pedaço de mim e consegue ser muito mais potente em termos dominar minha vida que meu forte e decidido cérebro.A ironia é que eu sou essa bolinha de amor e vivo tentando encontrar motivos pra não ser amada. Os monstros na minha cabeça repetem mantras do tipo: ‘Você tá gorda demais, é estranha de mais, bonita de menos. Exige de mais, é boba de mais, fácil de  mais, se apaixona de mais, cobra de mais, faz sexo de mais, faz sexo de menos...’
Passo tanto tempo procurando motivos pra não ser amada que esqueço de todos os motivos para ser. De todas as pessoas ao meu redor que me amam incondicionalmente, que perdoam meus defeitos e superfaturam minhas qualidades. Gente elegante, bonita, talentosa, inteligente que faz questão de me ter por perto mesmo nos momentos mais agudos de mau humor ou tpm.
Ok, meus amigos são ótimos, da melhor qualidade de pessoa que já habitou o planeta, mas fato é que nenhum deles acorda sem roupa debaixo do meu edredom (não em condições normais, pelo menos) e é muito mais difícil sobreviver a estes invernos rigorosos do sul do país sem um corpo quente pra roubar as cobertas.Mas, se esse povo incrível pode ter tanto amor por mim, de onde eu tiro essa incapacidade em acreditar que um mero mortal do sexo masculino também possa? Em entender que nem sempre o problema esta comigo? Tem gente por aí que não sabe amar. E esse tipo de gente não se pode curar.
Começo a achar que esses filmes mela cueca mexem tanto comigo porque a gente precisa um bocadinho deles. Porque a vida é uma dureza mesmo e todo dia uma pá de gente disposta a partir seu coração vai cruzar o seu caminho e no meio dessa montanha de desilusão, corre-se o sério risco de desacreditar, de cair no buraco negro da amargura e do cinismo. E o discurso brega de que o amor pode acontecer e funcionar e ser incrível e superar barreiras e tudo isso com uma trilha sonora linda e cabelos impecáveis tem lá sua sabedoria.
É o que alimenta no fundinho escondido do meu ser a crença no mocinho de bom coração, tênis surrado e tatuagens bacanas que vai cruzar o meu caminho numa tarde qualquer e fazer de mim uma mulher honesta e vergonhosamente feliz. Pode ser que ele ainda demore um tanto, ou até já tenha se perdido pelo caminho. Mas se decidir aparecer, estaremos por aqui de braços, pernas e portas abertas – que eu não sou mocinha de comédia romântica, mas posso acreditar que talvez existam finais felizes.

*texto originalmente publicado no Portal Lia Line

Portal Lia Line 05 - De perto ninguém é normal.

Assisti ontem ao primeiro episódio da nova temporada da minha série favorita: “United States of Tara”, que mostra a vida de uma mãe americana incrivelmente interpretada pela Toni Collette e sua adorável família vivendo no Kansas.Tudo muito tranqüilo, muito normalzinho se não existissem alguns detalhes.
Começando: Tara sofre de Transtorno Dissociativo de Identidade (TDI) – um negócio que a gente conhece como ‘múltiplas personalidades’, coisa séria mesmo, doença pra tratar com remédio. Não vamos confundir com aquela habilidade que seu ex-namorado ou aquela moça do escritório têm em transformar-se completamente em seres diferentes de acordo com a necessidade da situação. Isso aê é ser MUITODOCARADEPAU, ou bem safado mesmo. O TDI é uma condição mental onde um único indivíduo demonstra características de duas ou mais personalidades ou identidades distintas, cada uma com sua maneira de perceber e interagir com o meio (beijo, Wikipedia!).
Continuando: logo no começo da série a gente percebe que a família da protagonista ta longe de ser bem normal. Até aí, tudo certo, vamos combinar que família e normalidade são duas palavras que não interagem muito bem. E que família, normalidade e mãe-que-se-transforma-em-uma-pá-de-gente-diferente-de-vez-em-quando, não tem mesmo como funcionar. Tirando o marido, que meu povo, é um santo homem (além de ser um escândalo, feito pelo mesmo ator que foi o Aidan – o bofe fofo e másculo que quase casou com a Carrie no Sex and the City), é todo mundo meio ‘diferente’. A filha é um bocadinho biscate, o filho ta tentando decidir se é gay, se não é, se é um pouco de cada... Tara tem uma irmã gente fina, mas meio mentirosa, meio sem paciência com ela e pais que acham que tudo isso tá virando uma festa da uva e querem levar as crianças embora dali. E por aí seguimos.
Podia ser bem cafona, podia até se transformar em algo meio moralista, se não tivesse sido criado pela Diablo Cody, a ex stripper/atendente de tele sexo que um belo dia ganhou um Oscar de melhor roteiro por Juno (acredita, Bruna Surfistinha!) e foi de vestido de oncinha e sapatilha dourada receber o prêmio.
Eu me apaixonei pela série nos primeiro 10 minutos do primeiro episódio e virei fã incondicional. O que acontece é que essa zoeira toda vai sendo apresentada de uma forma tão leve, tão sem exageros, que o que importa no final da confusão (e olha que tem confusão nesse negócio) é que são todos seres humanos. Imperfeitos, como 100% da população mundial, confusos, com todos nós, tentando descobrir uma forma de lidar com a vida e essas bombas que ela larga no nosso colo dia sim, dia não.
É tudo tão honesto que a gente acaba se envolvendo com aquela galera que mora dentro dela e reconhecendo nesse povo um pouco da galera que mora dentro da gente também. Quem nunca se achou um pouco maluco? Quem nunca se perguntou se neste ou naquele momento não havia um outro ser comandando seu próprio cérebro? Quem nunca quis poder fugir de si um pouquinho e chamar um substituto pra coordenar a sua vida?Eu sou atriz, fiz dessa brincadeira minha profissão. E acho a parte mais divertida dela poder, mesmo que por algumas horinhas, tirar férias de mim.
E aí tem gente que trabalha isso na profissão, gente que faz aula de música, que pinta, dança flamenco, se acaba no estádio de futebol, vira Ronaldinho uma vez por semana, se torna rainha do baile cada vez que vai pra balada ou descobre umas três ou nove personalidades novas pra administrar. Fato é que somos todos meio esquisitos. E extremamente interessantes, exatamente por isso.
Já viu coisa mais chata no mundo do que gente ‘normal’?

*Publicado originalmente no Portal Lia Line.

Portal Lia Line 04 - Filmes que você não deveria morrer sem ver.

Todo mundo tem um amigo que entende muito de algum assunto (na verdade, todo mundo tem alguns amigos que entendem bastante sobre diferentes assuntos, coisa óbvia, Graziela!). Enfim, meu amigo Malcon Bauer* é um cinéfilo assumido que entende muito bem do negócio, além de ser uma das criaturas mais especiais e bonitas que eu conheço. Malcon possui um senso de humor único e peculiar, uma generosidade encantadora e cabeça de homem, mas um coração de menino (beijo Robertão!). Graças à minha convivência com ele, me tornei uma pessoa mais leve e muito mais sábia cinematograficamente. Foi ele quem - indignado com a minha falha – assistiu comigo aos 3 filmes do “O Poderoso Chefão”, foi quem se certificou de que eu me mantivesse acordada para assistir à uma maratona de Twin Peaks. Foi ele quem me tornou amiga íntima de Norma Desmond, Margo Channing e Laura Palmer – minhas divas eternas. E é ele quem joga na minha cara toda a vez que eu peço para que assista “O Bebê de Rosemary” comigo, que eu dormi na metade do filme.
E eu, como pessoa ótima que sou, resolvi dividir com vocês, queridos leitores, um bocadinho do conhecimento do meu personal Rubens Ewald Filho (desculpa, Malquito, não podia perder a piada). Então aí está especialmente para vocês, meus colegas do portal Lia Line, uma seleção de dez filmes que você precisa assistir antes de morrer, comentada pelo autor da mesma, o grande Malcon Bauer:

FILMES QUE VOCÊ NÃO DEVERIA MORRER SEM VER(NÃO ESTÃO EM ORDEM DE IMPORTÂNCIA)

01- O PODEROSO CHEFÃO (The Godfather, 1972) - Porque é o melhor filme já feito. Elenco, roteiro, direção, trilha sonora... tudo é perfeito. Uma das poucas verdades inquestionáveis da vida.
02- ED WOOD (idem, 1994) - Porque é sobre o amor ao cinema. Ed Wood fazia filmes horríveis, mas não conseguia parar de viver o cinema.
03- CREPÚSCULO DOS DEUSES (Sunset Boulevard, 1950) - Porque retrata a decadência de uma estrela em uma Hollywood cruel e ingrata.
04- FELLINI 8 E ½ (8 E ½, 1963) - Porque se você nunca viu um filme do Fellini você merece estar morrendo.
05- MONTY PYTHON EM BUSCA DO CÁLICE SAGRADO (Monty Phython and the Holy Grail, 1975) - Porque é o filme mais engraçado já feito.
06- AMADEUS (idem, 1984) - Porque é grandioso e acachapante como a música de Mozart.
07- THE ROCKY HORROR PICTURE SHOW (idem, 1975) - Porque ele é a definição do termo “cult movie”.
08- BRANCA DE NEVE E OS SETE ANÕES (Snow White and the Seven Dwarfs, 1937) - Porque mesmo após 74 anos, ela ainda é a mais bela de todas.
09- OS SALTIMBANCOS TRAPALHÕES (idem, 1981) - Porque o quarteto está no auge de sua forma, em seu trabalho mais poético.
10- O FABULOSO DESTINO DE AMÉLIE POULAIN (Amélie, 2001) - Porque é um filme sobre as pequenas felicidades da vida.

*Malcon é ator, humorista e roteirista. Além de ter um dos blogs mais divertidos sobre filmes que eu já vi. Olha lá.

*Publicado originalmente no Portal Lia Line.

Portal Lia Line 03 - Blasé Factor.

Estava eu firmemente decidida a escrever esta semana sobre algo muito bacana e descolado. Conversei com amigos ‘modernos’, gente fina que entende do assunto, fiz uma pesquisa básica e cheguei a uma listinha de filmes interessantérrimos que eu precisava ver! Tentei uns três (não revelarei os títulos por questões éticas e de responsabilidade jurídica) mas meu Brasil, não consegui passar da metade de nenhum.
Cheguei à conclusão (coisa que agora percebo já era óbvia há muito tempo) de que eu sou a pessoa menos cool do mundo. E olha que eu tentei arduamente parecer nem que fosse assim, de longe, com os moradores da “República Caradepaisagenlândia”.
(Deixemos claro aqui que não refiro-me a pessoas antenadas e por dentro das novidades e tendências desse mundão de meu Deus. Metade dos meus amigos é dessa estirpe.To falando daquela gente muito da cool. Sabe como? Sempre muito séria, muito superior, sempre aparentando não ter a menor paciência conosco: pobres mortais que não entendemos de nada.)
Enfim, já tentei ‘de um tudo’, mas todos os meus esforços foram em vão: Eu falo muito alto (sério. MUITO. Tive um bofe que dizia que nasci com um megafone instalado na garganta), tropeço na rua (aqueles tropeços humilhantes de dobrar o pé e pendurar-se em passantes pra não terminar de cara no chão), converso com estranhos na fila do supermercado e crio polêmicas sobre a verdadeira razão do preço da alcatra estar nas alturas, tomo sol na varanda e fico rosa, sinto medo quando escuto Radiohead (tenho uma explicação quase científica para isso, não me julguem) e minhas roupas são coloridas e descombinadas demais. E não é de um jeito cool, assim: "Descombinei de propósito porque tô nem aí pro mundo". É mais uma coisa: "Minha mãe não olhou pra mim antes de eu sair de casa”. Uma vez fui pra uma festa me achando a rainha do verão e o dono da balada anunciou quando eu entrei: ‘Olha gente! Chegou a Sarajane!’
Eu e meus amigos (que também são as pessoas menos cool do universo) reunidos e em público, deixamos clara a nossa falta de ‘blasé factor’. A gente dança de um jeito engraçado com direito a pulinhos e abraços coletivos, faz coreografias, brinca de videoclipe, de concurso de miss e de rebolado, gargalha histericamente, interage com as pessoas ao redor em tom de voz ensurdecedor (e um dia ainda vamos sofrer agressão física por causa disso), tira fotos, faz caretas, dorme escoradinho na caixa de som da boate e o mais grave dos pecados: grita “uhuuuuuuuuuul” e bate palmas. Sim, a gente grita “uhuuuuuuuul” e bate palmas cada vez que a pista é invadida por uma música da nossa playlist coletiva. E piora! Se o relógio tiver passado das 3 e a garrafa de vodka do DJ tiver passado da metade, rola um ‘CHÃO! CHÃO! CHÃO’.
Sim, eu sou uma vergonha. E antes sofria um pouco com isso. Achava que tinha problemas sérios por não conseguir me parecer com aquelas pessoas de ar interessantíssimo e auto suficiente que passam a noite encostadas no balcão do bar olhando tudo com um leve ar de desdém. Finas, ricas, muito bem vestidas.Depois de um tempo, comecei a perceber que gente cool demais na verdade é gente que não se diverte. Que passa mais tempo preocupada em manter uma pose que nem é natural do que relaxando e sendo feliz. Que aquela moça ultra blasé no balcão do bar queria era estar como eu: rodeada por gente linda que nem liga se o figurino está completamente equivocado e dançando bem feliz. E que aquele moço que adora fazer o tipo deslocado e entediado, no fundo é um tímido com problemas graves de auto estima que adoraria ser capaz de comunicar – se com o resto do planeta facilmente.
E quer saber? Vi bem mais vantagem no ‘equívoco’. E convoco meu um milhão de amigos coloridos e engraçados pra bem mais forte poder cantar: EU SOU A PESSOA MENOS COOL DO UNIVERSO!

E já que falei, falei e não disse nada sobre filme nenhum, deixo uma listinha de sugestões, livremente inspirada nos meus amigos, que não são cool, mas têm bom gosto inquestionável e talento nato para a diversão:

Mamma Mia (Mamma Mia - Phyllida Lloyd, 2008)
Hair (Hair - Milos Forman, 1979)
Onde Vivem os Monstros (Where The Wild Things Are – Spike Jonze, 2010)
Cantando na Chuva (Singin in The Rain - Gene Kelly e Stanley Donen, 1952)
Shortbus (Shortbus – John Cameron Mitchell, 2006)
Gritos e Sussurros (Viskningar Och Rop - Ingmar Bergman, 1972)
O Poderoso Chefão (The Godfather – Francis Ford Coppola, 1972)
O Fabuloso Destino de Amélie Poulain (Le Fabuleux Destin d'Amélie Poulain - Jean-Pierre Jeunet, 2001)
Closer (Closer – Mike Nichols, 2004)
Procura-se Suzan Deseperadamente (Desperately Seeking Susan - Susan Seidelman, 1985)
O Iluminado (The Shining - Stanley Kubrick, 1980)

*Publicado originalmente no Portal Lia Line.

Portal Lia LIne 02 - Blue Valentine.

Passei dias com “Blue Valentine” (com o infame título em português “Namorados Para Sempre” - Derek Cianfrance, 2010) em casa até criar coragem para assisti-lo. Explico: o filme conta a história de um casal que encaminha-se para os ‘finalmentes’ do relacionamento. E eu (como metade da população feminina que me rodeia) não ando num momento muito feliz amorosamente. Ando, aliás, precisando chorar uns defuntos que – olha! – estão difíceis de ser enterrados. Enfim, deixando de lado minha vida pessoal, fui várias vezes alertada de que não seria uma tarefa fácil. E lá fui eu, bravamente munida de lencinhos, pipoca, força no coração e dois amigos fiéis pra ajudar a segurar a encrenca se o golpe fosse muito devastador assistir ao tão falado filme.
A gente percebe, logo de cara, que aquele casamento está em processo de finalização há algum tempo. E que seria preciso mais do que uma noite romântica – sugestão do marido - para salvar seja o que for que ainda exista entre aqueles dois. É obviamente perceptível que aquelas duas pessoas um dia já acreditaram se amar, mas que esse amor mora mais nas lembranças do que na vida real. E que se não tivessem uma filha provavelmente não teriam arrastado aquela situação até onde foi.
A narração passeia por dois momentos: o atual, onde tudo já está cinza e desgastado. E sete anos antes, quando se conheceram e apaixonaram. E só reforça a idéia de que existe sim, carinho e afeto, mas nada que salve aquele casamento infeliz.Aí a gente pensa: então tá fácil, minha gente! Acabou, não funciona, separa e vai viver! Como diria o mestre Cartola ‘Vai chorar, vai sofrer e você não merece. Mas isso acontece’. Bom se tudo na vida fosse fácil e prático, não?
O marido, interpretado pelo lindo do Ryan Gosling, é de uma imaturidade irritante que me fez gritar nos primeiros 15 minutos de filme. Sabe aquele tipo de homem que à primeira vista parece uma ótima ideia? Aquele cara romântico, sensível, com alma de artista, meio incompreendido pela sociedade e cheio de amor pra dar que alguns anos depois revela-se ser simplesmente um chato, que bebe as 10 da manhã, fuma demais e não consegue, por nada nesse mundo, comportar-se como um adulto?
Talvez ele tenha me irritado tanto porque reconheci ali uma meia dúzia de homens por quem eu me apaixonei perdidamente nos últimos anos. E me pergunto: por que, meu Deus? Por que eu sempre faço questão de escolher as pessoas mais erradas do mundo pra morar neste espaço tão agradável e querido que eu reservei no coração?
Um amigo me disse que o caso não é que nos apaixonamos pela pessoa errada, mas que somos as pessoas certas e de repente, não somos mais. E olha, tá bem certo ele! De onde a gente tira essa dificuldade monstruosa em aceitar que o que um dia foi certo já não é mais?
Apego. Vivemos com uma dose grande demais de apego pelo que já foi. Aconteceu, foi incrível, mudou o mundo, causou tsunamis e terremotos e morreu. E a vida segue. Ninguém morre de amor. Sofre um bocado. Dói - fisicamente até. Mas não mata.
O que mata devagarinho é a inércia, o medo de descobrir o que ainda existe pra ser vivido. Pior que a dor é o rancor que se guarda das pessoas que foram ser certas em outras freguesias. E fato é que não há nada no mundo que bons amigos e algumas doses de vodka não curem.
Final da história é que eu sobrevivi ao filme, não derramei uma lágrima e estou até agora questionando minhas fracassadas escolhas amorosas. Minha opinião é que Blue Valentine (desculpa, me recuso a usar o título em português) é um filme bonito, honesto, sem falsos moralismos. Um olhar sincero e nada piegas sobre o fim do amor. E isso já me faz gostar bastante dele. Conseguir falar de amor sem cair no lugar comum é coisa pra ser respeitada.

Beijinhos para vocês. Boa semana. E muito amor nesses corações.
(Eu não sou o Derek Cianfrance, eu sou cafona mesmo)

*Texto originalmente publicado no Portal Lia Line.