segunda-feira, 11 de abril de 2011

Portal Lia Line 01 - Simplesmente Feliz.

Suzy - Só quero que você seja feliz. Só isso.
Poppy – Eu sou feliz.
Suzy – Eu não acho que seja.
Poppy – Eu sou. Amo a minha vida. É, pode ser difícil às vezes. Mas isso faz parte, não? Tenho um trabalho ótimo, alunos brilhantes, um apartamento adorável. Tenho ela pra cuidar. Tenho amigos incríveis. Amo a minha liberdade. Sou uma mulher de sorte, eu sei disso.
Suzy – Tudo bem, não precisa jogar na cara... 


O filme Simplesmente Feliz (Happy Go Lucky – Mike Leigh, 2008) conta a história de Poppy, uma professora primária trintona, solteira e divertida que escolheu encarar a vida de forma leve e descontraída. A aparente alienação da protagonista, que em alguns momentos soa como uma ‘Pollyana Balzaca’ (quem tem mais de trinta como eu, certamente já leu algum livro da saga da mocinha órfã sofrida que salvou o mundo com seu jogo do contente...) revela-se, ao decorrer do filme, ser uma atitude extremamente sábia de alguém que decide tomar as rédeas da sua vida e transformar-se não em mero espectador do passar dos dias, mas em agente modificador do universo ao seu redor. O que mais me agrada no filme é que o enredo desenrola-se sem grandes acontecimentos, momentos cruciais, pausas dramáticas, fogos de artifício... A história segue como a vida: acontecendo.
E não é essa a beleza da brincadeira? Viver acreditando que as coisas podem ser muito boas, sim senhor! Aproveitar os acontecimentos e encontrar nas coisas o seu lado bom. Aprender a ver a doçura dos pequenos nadas de todo dia. Encontrar abraços, afagos e afetos que ajudem a atravessar as montanhas de dificuldade do mundo sorrindo, sabendo que sempre se pode encontrar beleza no final do trajeto.
E é isso aí, meu povo, garanto que é só olhar pro lado que vocês encontram fácil uma meia dúzia de motivos para sorrir. Tenho certeza de que sem precisar pensar muito conseguem dizer um bom número de pessoas com quem dividem amor. O prazer e a alegria podem vir de lugares inimagináveis, o que precisamos é descobrir onde procurar. Fácil e simples assim.
Num outro filme (Life Is Sweet, 1990), Mike Leigh disse que ‘A vida é doce - mas há momentos em que ela ameaça azedar’. Concordo, até porque gente inabalavelmente feliz não existe (ou sofre de alguma patologia bem séria...). De vez em quando a gente precisa sangrar um bocadinho pra lembrar de que está vivo. Estamos todos aqui pra aprender e tentar encontrar esse caminho misterioso e obscuro para a felicidade. Provavelmente nunca vamos chegar ao final dele, mas acredito que o trajeto possa ser bem divertido.
Desculpem-me se esse texto soar um pouco piegas. Confesso que tenho esse lado cafoninha, patologicamente otimista e irritantemente feliz...

Um beijo e boa semana.

*texto originalmente publicado no Portal Lia Line.

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